terça-feira, 12 de maio de 2009

ENTREVISTAS

Realizei entrevistas com alunos negros da minha escola, conforme solicitação de uma atividade na interdisciplina de QERE:SH, com a pergunta: "Como você se sente como aluno (a) negro (a) nesta escola?" e o resultado foi o seguinte:
Minhas entrevistas foram feitas com três alunos negros da 5ª série, em uma sala destinada aos estudos de recuperação, a qual no momento da entrevista não estava sendo ocupada por nenhum outro aluno.
Ao ter comunicado a equipe diretiva e a professora de turma, convidei, marquei horários com os três alunos, individualmente.
Sentamo-nos, já tinha preparado o ambiente, fiz a pergunta “Como você se sente como aluno (a) negro (a) nesta escola?”

Não tenho alunos negros na minha turma de 4ª série (manhã), aliás, tenho sim, porém se fosse chamar para fazer as entrevistas e comentar que seria com pessoas da raça negra, meus alunos ficariam magoados e ofendidos, pois observo pelas atitudes e falas que não se consideram da raça negra e o mais importante fazem questão de dizer o contrário em qualquer situação neste sentido. Optei em realizar as entrevistas com alunos da 5ª série, inclusive uma menina que tinha sido minha aluna nos dois últimos dois anos (3ª e 4ª série). Com ela a conversa fluiu naturalmente e bem confortável, tanto pra ela, quanto pra mim. A aluna B. S., 13 anos, relatou que se sente “normal” e às vezes até diferente, porém diferente pra melhor, nunca se sentiu inferior ou mesmo sofreu algum tipo de discriminação na escola por parte dos colegas ou professores por sua cor ou raça. Fez esse comentário por que, segundo ela, já presenciou discriminação com outros colegas. Continuou dizendo que se acha bonita e vê que os colegas também a acham (é realmente muito bonita mesmo). O interessante que esta menina o pai é presidiário, a mãe recebeu uma indenização do governo por parte desta prisão e atualmente vivem numa situação privilegiada em relação aos outros alunos da escola, talvez esse possa ser o motivo de se achar diferente para melhor, conforme ela mesma afirmou.
Ela é bastante vaidosa, se veste muito bem, usa material escolar diferenciado dos demais. Sinto que é feliz tanto pela vida que tem e pela cor, inclusive fala com orgulho de sua raça. É bem resolvida e falante.
O segundo entrevistado, J. P., 15 anos, fora da idade para a série, já não teve o mesmo clima. Observei que o aluno teve certo desconforto para falar sobre o assunto, fugindo o olhar, respondendo bem demorado, um tanto vago e pensativo.
Depois de pensar bastante, como eu não queria interferir na resposta, deixei que pensasse, talvez não tivesse entendido muito bem, o que respondeu foi que se sente “normal”, esta afirmativa de dizer que são “normais”, foi o que mais me chamou atenção, foi por parte de todos os entrevistados a mesma fala. Porém respondeu que nunca sofreu nenhum tipo de discriminação por parte dos colegas ou professores desta escola. E que gosta de ser negro, por que às vezes tem garotas bonitas, brancas e que gostam de meninos negros.
O terceiro, M. V., 14 anos, igualmente como os outros, afirmou que se sente “normal” sendo negro, que nunca sofreu qualquer discriminação na escola e que tem vários amigos, mas já ouviu e presenciou situação bem desagradável com outros colegas negros, no qual, deixou-o bastante incomodado. Quando estava falando isto, lembrou de uma situação que acontecera com ele ano passado na escola. Neste momento sua expressão modificou-se, então disse que na ocasião tinha ficado muito magoado e com muita raiva, até chorou e renegou sua origem, foi chamado de negro sujo. Gostaria de ter nascido branco, por que o que ouviu do colega foi bem agressivo pra ele. Teve vontade de bater no colega, e ainda por cima, era seu grande amigo, certamente o que mais machucou tenha sido isto, ter ouvido da boca do seu amigo, magoou muito insistiu. Só não o fez por que estava na escola.


Após nossas conversas, então refletindo e depois de observar os alunos da raça negra em geral na escola, percebi que de certa forma ainda existe o preconceito e estão bastante acentuados, mesmo os próprios entrevistados afirmando que não sofreram nenhuma discriminação, eles mesmos são os preconceituosos, não só por parte dos que se consideram brancos.
Ainda, pelo menos uma grande maioria, não está resolvido e contente com a sua raça.


Hamacheck (1979) diz que a maioria dos alunos que se evade é por não conseguir tolerar mais fracassos e os sentimentos de baixas auto-estima e autovalorização.
O processo de baixa auto-estima no aluno negro provém do ambiente sócio histórico, reforçado pelas ações da escola sobre esse sujeito considerado “inadequado”, daí a evasão e a repetência apesar dos esforços da família.

Na maioria das vezes, reflete diretamente na aprendizagem, visto que, não se sentindo importante ou valorizado, a criança negra é estigmatizada e perde o interesse cultural.

sábado, 2 de maio de 2009

REFLETINDO

USO DA TECNOLOGIA





É preciso coragem e muita garra para vencer. Esta frase diz o quanto para mim, foi e está sendo difícil o uso da tecnologia.
Ao iniciar minha faculdade, sonho que até então já estava adormecido, mas para minha infinita felicidade estou até aqui, e às vezes, um grande pesadelo, digo isto, porque nas incansáveis noites que passo diante do computador, realizando minhas tarefas, muitas vezes com enormes dúvidas sobre o manuseio da máquina, me sinto impotente e quase desisto me perguntando, o que estou fazendo nesta altura de minha vida querendo uma formação, com o pé na aposentadoria? Porém uma força enorme vem não sei de onde, me faz continuar.





Sei que devo aprender muito mais, mas já consigo sozinha realizar minhas atividades e prosseguir no meu grande desafio, que é conseguir vencer todos os obstáculos diante deste meu sonho, que é minha graduação em pedagogia.
Por acaso, numa das reuniões pedagógica de minha escola, foi comentado que iria acontecer o vestibular EAD. Até então, não passava em minha cabeça que teria que dominar a tecnologia. Fui pra casa com uma pontinha de alegria e pensando porque não arriscar? E foi nesta emoção que corri no último dia de inscrição e fiz a minha. Daí em diante foi esperar o grande dia, fiz, passei e estou aí...
Ao iniciar o curso, em 2006, chegava perto do computador, apenas para limpá-lo, assim mesmo com muito medo de mexer em alguma coisa que pudesse estragá-lo.
Meu filho me ensinou a jogar paciência, tinha a maior dificuldade em segurar o mouse, o tal não me obedecia, ia pra todo lado. Até que fui me acostumando. Nada foi fácil, inclusive posso dizer muito difícil... Segundo Piaget é através da ação, na transformação de relações que se conhece o objeto. Agir sobre ele mesmo acontece a transformação, a assimilação e acomodação, assim sendo uma nova aprendizagem.
Meu filho, sempre me incentivou muito, e dizia que tudo que precisasse iria me ajudar. E fez muito mesmo, porém não tinha muita paciência. Acabávamos brigando e eu chorando.
No ano seguinte casou-se. Fiquei sem ajuda direta, mas quando me aperto é a ele que peço ajuda, e certamente as tutoras que gentilmente nos ensinam passo a passo como lidar com a máquina.
Há poucos dias atrás, estava muito desesperada com vontade de parar, depois de inúmeros problemas com a rede (internet móvel), não conseguia postar e inclusive não consegui participar de um fórum. Isto me desanima e me deixa bastante angustiada. Mas a torcida aqui em casa é grande, me dão força como podem e consigo seguir a diante. Sei que estou sacrificando meu maridão, não podendo viajar ou mesmo indo à praia neste feriado, preciso estar postando meus trabalhos, mas tudo isto terá um prêmio, minha satisfação na minha formatura.